terça-feira, 24 de agosto de 2010

Minha própria estupidez



Analisando a estupidez humana, não pude deixar de reparar em um ponto terrível que rasteja por sobre a face da Terra: eu. Neste Blog eu estive criticando alguns, xingando outros, mas nunca deixei de dizer a verdade. E eu, como ser humano propenso a idiotices, não escapo da verdade. A imparcialidade de um jornalista deve ser completa, e eu não seria imparcial se falasse da estupidez dos outros e não da minha.

Havia sido um “saco” de semana, e meu pai e as minhas irmãs haviam chegado do supermercado com as compras da semana naquela sexta-feira a tarde, eu acho. No dia anterior, Jéssica, a irmã mais nova, tinha ido a uma excursão da escola, munida de porcarias, com as quais se empanturrou até sair pelos dentes. Pondo de lado a intemperança da menina de 12 anos, faço apenas uma observação: ela é diabética. O resultado é obvio, passou mal no dia seguinte inteiro por que seu pâncreas não funciona.

No sábado ela já estava melhor, tanto que esqueceu que havia passado mal por comer porcarias, então a noite foi até a barraquinha de porcarias da rua e comprou não somente um, mas dois imensos e gordurosos pasteis suculentos de queijo, pingando óleo e colesterol. Mandou os dois pra dentro, deixando apenas o sebo nos botões do teclado e do mouse. Resultado obvio de novo: passou mal o domingo inteiro. Foi pro hospital na segunda. Dormiu lá na quarta e voltou na quinta, eu acho.

Certo, até ai só falamos da estupidez dela, e onde eu entro nessa história? Quando vi os salgadinhos e batatas fritas no armário, fiquei até meio feliz, mas quando a minha irmã os reclamou como sendo dela, fechei a cara e disse que ela não podia comer essas coisas. Deu de costas e me xingou, como sempre. Quando ela passou mal, meu ego foi satisfeito, visto que fui EU quem alertou sobre os efeitos da gordura em seu organismo. Em minha ingenuidade, pensei que desta vez ela teria aprendido. Desta vez, por que houveram muitas outras. Pois bem, ela não aprendeu.

Como um bom irmão preocupado e bondoso, como eu sou, disparei quando vi os pastéis: “Você vai passar mal de novo, vai pro hospital e vai morrer lá sozinha, por que eu não vou lá ver você morrendo por que não me ouviu e comeu essa porcaria”. Dito e feito. Faltou só morrer, de resto acertei. Porém cometi um pequeno e FATAL equívoco: esqueci que não sou melhor que ela.

Algo muito comum de acontecer quando se critica alguém é esquecer de que se é igual ou pior que a pessoa. Estamos todos propensos aos mesmos erros, às mesmas idiotices. Isso deve ficar bem claro. Também andei comendo coisa que não devia, ainda não sei o que. Fiquei com a mesma coisa que tinha a minha irmã, acredite você ou não. Uma maldita virose que me derrubou sem dó.

Minha irmã é a escória, assim como qualquer pré-adolescente que começa a sentir a TPM e pensa que todo mundo tem que sentir também. Sei que estava certo quando briguei com ela sobre o fato dela comer coisas que diabéticos não podem comer, como bolos de chocolate e pasteis, mas errei quando só vi o erro dela e deixei de pensar na possibilidade GIGANTESCA de eu errar também. E esse é o maior erro que alguém pode cometer: esquecer-se da própria humanidade. Quando isso acontece, as conseqüências podem ser catastróficas. É como falar mal do colírio do coleguinha e pingar pimenta nos próprios olhos.

Por favor, criatura, não cometa a mesma estupidez que eu!

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