terça-feira, 5 de outubro de 2010

Eleições 2010, um desastre!!


Ontem foi o primeiro turno das eleições do país. Cara, que ótimo! A felicidade inunda minha alma desde o âmago de meu ser, até a descarga de meu vaso sanitário. Ontem tive a oportunidade de escolher quem irá me roubar durante os próximo 4 anos!!! Incrível! Demais! Nunca estive mais feliz em toda minha vida! E o melhor de tudo é que – segure-se na cadeira – EU FUI OBRIGADO!! Não tenho nem palavras. Melhor que isso só se eu tivesse que escolher entre assassinos e estupradores! Não tivemos tanta sorte esse ano, né..

Minha indignação não podia ser maior nesta segunda-feira imediata ao domingo do 1º turno. Tenho que admitir que a democracia do Brasil é melhor que a de muitos países, mas ainda é um projeto de uma democracia verdadeira. A relativa liberdade e a demora nos processos legais e jurídicos comprovam que não estamos em um país ditatorial. Porém é um absurdo sem tamanho o cidadão ser obrigado a votar. O princípio da democracia é a liberdade, e eu não tenho a liberdade de escolher se quero ou não participar indiretamente da robalheira. Sim, você vota e participa INDIRETAMENTE de todo desvio de verba, caixa dois e corrupção, que tem lá em Brasília. Para que esta fosse uma democracia de verdade, três coisas não poderiam acontecer: 1-Eu não poder votar; 2-Alguém escolher meu voto por mim; 3-Eu ser obrigado a votar.

Mas beleza, fui obrigado a me envolver. Com a consciência muito pesada fui até as urnas. Graças a Deus, a mente brasileira pelo menos colocou o botão “Branco”, que foi a minha salvação naquela hora. Ao contrário do que muitos pensam, os seus votos brancos não vão pro 1º corrupto da fila. Desde a Lei 9.504 de setembro de 1997, os votos brancos e nulos são computados apenas para fins estatísticos. Dizem que “ajuda” quem estiver em primeiro por que se você vota em branco ou anula o seu voto, é um voto a menos contra o primeiro colocado. Claro que é um voto a menos contra o segundo também, por tanto você não ajuda e não atrapalha em nada.
E pronto. Votei em branco por que fui obrigado a votar. Se não fosse, não teria nem saído de casa. As pessoas falam: “se você não votar, não pode reclamar”. Ai eu digo: “Se eu reclamar depois que votei, o que adianta”? Eu já fiz a estupidez de colocar dar o meu apoio a um dos ladrões. Eu que coloquei lá, agora já era. Não adianta chorar pelo leite derramado. Se eu não voto, ai sim que eu posso reclamar, já que não fui eu quem colocou o cara no trono. Além do mais você já tentou correr atrás do seu deputado que não cumpriu o que prometeu? Se não, tente. Você vai ver como vai ser recebido no escritório dele. Não adianta reclamar. Votou já era. O negocio seria se o povão se juntasse e mostrasse a força da população fora da eleição. Sem violência, é claro. Mas isso não vai acontecer.

Agente fala que todo mundo lá é ladrão, mas isso nós não podemos afirmar. Com certeza existem bons deputados. Não duvido nadinha disso. Mas é como um colega do meu pai disse uma vez. Não vou falar o nome dele por questões éticas, mas foi um importante político cristão de São Paulo, e passou um tempo como governador também. Ele disse que o político que quer crescer tem que se sujar.

Podemos não conhecer todos os deputados, mas conhecemos pelo menos os presidentes do Brasil. Eu já havia falado um pouco dos dois principais candidatos nesta postagem http://poquepena.blogspot.com/2010/06/vou-arriscar-no-serra-mesmo.html . Só pra lembrar, nela eu havia lembrado a você que a Dilma pode virar uma ditadora, começando por diminuir drasticamente a liberdade de imprensa, já que nem ela, nem o PT e tampouco o Lula, que quer continuar no poder, gostam da imprensa.

Já o Serra é mais amiguinho da imprensa, mas não tá nem ai para a economia. Ele tá afim de vender as coisas, colocar pedágio, favorecer grandes empresários, por que é isso o que o partido dele faz. Fica bem claro que é um perigo votar nele quando você percebe que os grandes veículos de comunicação apóiam o partido dele. Logicamente é um perigo voltar na Dilma também, por que pouquíssimos veículos a apóiam.
E a Marina? Bom, a Marina perdeu meu voto por que as idéias dela que não envolvem o meio ambiente vão contra os meus princípios. Alias, falando em princípios, eu espero que nenhum dos leitores tenha tido a pachorra de ajudar o Tiririca a se eleger. Concordo que é um ótimo jeito de protestar. Já que a política tá uma palhaçada, vamos colocar um palhaço de verdade lá, ué. O problema é que rola uma matemática ridícula, que um dia eu conseguirei entender, por trás desses votos. Mas de modo simples ela define que os votos de um cara de um determinado partido podem ajudar a eleger outro cara do mesmo partido. Por isso, caro leitor, que existem candidatos famosos, gente simpática, pessoas que você vê na TV com pouca roupa, jogando futebol ou contando piada. Assim os caras que realmente importam ficam invisíveis por trás e acabam sendo eleitos. Quando você vir um candidato famoso, não vote nele! É muita sujeira por trás. Cuidado.

Agora, é realmente o fim da picada é saber que o brasileiro, depois de tudo o que passou, continua estúpido o suficiente para votar no Maluf, Collor e família Sarney. Gente, por favor, né. Esses caras ainda são votados. Se não fosse o Ficha Limpa, acredite, o Maluf estaria eleito com mais de 500 mil votos nesta eleição. Vamos ser um pouco mais conscientes, né??

Continuando, cheguei á escola “feliz da vida”, querendo acabar com aquela tortura logo. Fiquei mais nervoso ainda quando eu vi que precisava ter levado o título eleitoral. Não, querido leitor, não estava desinformado não. Para explicar o que aconteceu, vou voltar um pouco.

Sabendo do fato de que a massa populacional brasileira tem cérebro, mas não usa, e fazendo o eleitor de palhaço, o STF, assim como a câmara dos deputados e o senado, julgou leis às escondidas, como fazem em todo o grande evento (sim, republica do pão e circo). Para dar ao eleitor o que roer, o STF julgou á portas escancaradas aquela história completamente irrelevante de ter que levar ou não o título eleitoral na hora da votação. Eu não sei nem o que dizer sobre isso. Infelizmente a coisa piora. Eles decidiram, dias antes da eleição, que o título não mais seria necessário. Hum, ótimo! Não preciso mais de dois documentos para votar, somente um, e esse um não tem nada a ver com as eleições. O documento que tem a ver com as eleições nós podemos deixar em casa..

Então pra que raios eu tenho que tirar o título de eleitor? Não é muito mais fácil eu simplesmente ir lá, fazer um cadastro e ir embora? Não, nada disso. Tenho que perder algumas tardes pra fazer um cartãozinho para que eu possa votar, mas eu não vou usar ele para isso. Estou sendo meio redundante, mas é para expressar a minha fúria para com essa palhaçada. Foi como Walter Longo, mentor de estratégia do grupo Newcomm (em outras palavras, conselheiro do Roberto Justos no Aprendiz), disse em seu Twitter no domingo das eleições: “Brasil é um país exótico: para tirar passaporte e fazer concurso precisa de título de eleitor. Mas, pra votar, não!!!”
Mas beleza. Como um cara bacana, cidadão cumpridor das leis que sou eu, não levei o meu título, mesmo por que não sei mais onde ele está. Cheguei tranquilão achando que ia votar e cair fora. Até que eu descobri que eu não sabia qual era o número da sessão que eu ia votar... Entendi que, mais do que nunca, esta foi outra decisão inútil do STF, órgão do governo que eu menos repudio. Você tem que levar seu título ou decorar o número do sanitário em que você dará descarga no Brasil.

Ufa. Agora que coloquei pra fora estou mais calmo. No domingo eu não consegui votar no Serra. Eu disse que votaria nele, mas não tive coragem, minha consciência não permitiu. Anulei o voto. Mas dessa vez não vai dar. Vou ter que votar no Serra para tentar garantir que a liberdade de imprensa desse país continue. Não estou afim de que o Brasil seja igual à Argentina, paísinho sem noção, onde a imprensa tem freios controlados pelo governo, ou ao México, país com o maior número de jornalistas assassinados no mundo. Eita! Já ia esquecendo... No último domingo de outubro estarei cobrindo o Campori da AP e infelizmente não poderei expressar a minha cidadania votando em um vendedor de Brasil. Terei que justificar. Céus, como estou triste...

P.S.: Está nas suas mãos. Vê se vota consciente.