quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Cazuza - Um idiota morto


E-mail que recebi da minha mãe :D... adorei

Esse cidadão dizia "todos os meus heróis morreram de overdose". E era aplaudido.


É .... DEVIAM COLOCAR o texto abaixo NUM OUTDOOR LÁ NA PRAÇA CAZUZA, NO LEBLON...
Psicóloga x Cazuza!

Esta mensagem precisa ser retransmitida para todas as FAMÍLIAS!
Uma psicóloga que escreveu, corajosamente algumas verdades.

Uma psicóloga que assistiu ao filme escreveu o seguinte texto:
'Fui ver o filme Cazuza há alguns dias e me deparei com uma coisa estarrecedora.. As pessoas estão cultivando ídolos errados..
Como podemos cultivar um ídolo como Cazuza?

Concordo que suas letras são muito tocantes, mas reverenciar um marginal como ele, é, no mínimo, inadmissível.
Marginal, sim, pois Cazuza foi uma pessoa que viveu à margem da sociedade, pelo menos uma sociedade que tentamos construir (ao menos eu) com conceitos de certo e errado.
No filme, vi um rapaz mimado, filhinho de papai que nunca precisou trabalhar para conseguir nada, já tinha tudo nas mãos. A mãe vivia para satisfazer as suas vontades e loucuras. O pai preferiu se afastar das suas responsabilidades e deixou a vida correr solta..
São esses pais que devemos ter como exemplo?
Cazuza só começou a gravar porque o pai era diretor de uma grande gravadora..
Existem vários talentos que não são revelados por falta de oportunidade ou por não terem algum conhecido importante.
Cazuza era um traficante, como sua mãe revela no livro, admitiu que ele trouxe drogas da Inglaterra, um verdadeiro criminoso. Concordo com o juiz Siro Darlan quando ele diz que a única diferença entre Cazuza e Fernandinho Beira-Mar é que um nasceu na zona sul e outro não.
Fiquei horrorizada com o culto que fizeram a esse rapaz, principalmente por minha filha adolescente ter visto o filme. Precisei conversar muito para que ela não começasse a pensar que usar drogas, participar de bacanais, beber até cair e outras coisas, fossem certas, já que foi isso que o filme mostrou.
Por que não são feitos filmes de pessoas realmente importantes que tenham algo de bom para essa juventude já tão transviada? Será que ser correto não dá Ibope, não rende bilheteria?
Como ensina o comercial da Fiat, precisamos rever nossos conceitos, só assim teremos um mundo melhor.
Devo lembrar aos pais que a morte de Cazuza foi consequência da educação errônea a que foi submetido. Será que Cazuza teria morrido do mesmo jeito se tivesse tido pais que dissesem NÃO quando necessário?
Lembrem-se, dizer NÃO é a prova mais difícil de amor .
Não deixem seus filhos à revelia para que não precisem se arrepender mais tarde. A principal função dos pais é educar.. Não se preocupem em ser 'amigo' de seus filhos.
Eduque-os e mais tarde eles verão que você foi à pessoa que mais os amou e foi, é, e sempre será, o seu melhor amigo, pois amigo não diz SIM sempre.'

Karla Christine
Psicóloga Clínica


NOTA: Esse ai ficou tempo demais vivo. Sua vida foi sabiamente interrompida por suas loucuras. Mas o pouco tempo que viveu, causou um dano terrível na cabeça completamente vazia dos brasileiros, que cultuam qualquer merda que alguém faz por ai. Um diretor caga prostituções, assassinatos e adulterios na tela da TV, e o brasileiro lambe essa coisa toda. Brasileiro é bicho burro mesmo.
Agora tá saindo ai o filme dos Mamonas, outros deuses imbecis. Claro, até que eles eram legais, mas fala sério, não eram muito certinhos da cabeça, né. É fácil fazer sucesso da maneira desses caras. Fale de besteiras, encha a boca de palavrões e use drogas a vontade, por que brasileiro gosta dessas coisas e ainda acha bonito.
Sobre esses e outros por ai, só tenho uma coisa a dizer: Sorte nossa que morreram.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Cuidado: casamento


Vez ou outra eu me pego pensando na minha namorada. Não que eu tenha namorada, eu não tenho, mas logicamente gostaria de ter. Pena que o sentimento não é recíproco, né. Mas eu penso nela mesmo assim. Não sei quem, alguém. Penso muito, é agradável pensar em algo assim. Penso em como ela vai ser. Será que vai ser loira, morena, japonesa... Será que vai ser estilo “Malhação”: Linda, e sem nada na cabeça. Ou vai ser estilo fósforo: Feinha, mas tudo o que tem tá na cabeça. Penso no meu relacionamento com ela. Vamos namorar tantos anos, noivar, casar, ter filhos, brigar, separar – Ué? Meus pais se separaram, por que eu não posso ser igual a eles?? –, odiarmo-nos, causar problemas aos nossos filhos por causa disso, termos uma vida infeliz cada um num lado, e morrermos sozinhos... Essas coisas acontecem, né? Separações e traumas. Pensando bem, casamento deve ser meio egoísta. Tanto dinheiro gasto pra depois pedir o divórcio... Teria sido melhor ter dado a grana pros pobres.

Logicamente não é isso que eu quero pra minha vida, ninguém quer. Disse tudo isso só pra depois resumir: não se separe. Pelo amor que você tem a alguma coisa que você ame, se for separar, não case. Tenha sua própria vida promiscua e pegue AIDS por ai, mas não case se for separar. Divórcio só é bom pro advogado e pro juiz, pra ninguém mais.

Faz uns três terríveis anos e meio que meus pais se separaram. Ganhei algumas coisas desde lá. Coisas que eu não teria ganhado se não houvesse separação. Sério. Saí ganhando com isso tudo. Ganhei um belo problema psicológico! Não sei bem o porquê, mas sei que tem haver com a falta da mãe o fato de eu não ter uma namorada hoje, por exemplo. O filho tem que ver seus pais se relacionando bem, sabe. Fiquei muito carente uns tempos atrás. Estressado... Ninguém pra me apoiar nos estudos ou pra me dar aquele carinho no fim do dia, depois da aula. Depressões adolescentes leves, timidez. Sou muito tímido, acredite. Sou tipo um homem porta: você tem que empurrar para abrir. E etc. Graças a Deus que colocou bons amigos, pastores e psicólogos na minha vida, esses são problemas que eu não tenho mais. Mas minha irmã, coitada, ganhou algo pra vida toda: Diabetes. É claro, ganhou também seringas, insulina e internações hospitalares gratuitas, que vieram junto no pacote. Minha outra irmã é meio revoltada, rebelde, mas daqui a pouco passa. E quem eu culpo por isso? Meu pai por ter deixado minha mãe sair de casa pra fazer faculdade?? Ou minha mãe por ter conhecido o Cha... Ops, não posso citar nomes. É indelicado. Não vou culpar o diabo, é claro, mesmo sendo ele o culpado. Todo mundo coloca a culpa no desgraçado, não vou fazer isso. Mas pra mim a culpa se divide entre os três, mas um tem mais culpa diante de mim. O cara que separou a minha mãe do meu pai, o cara que destruiu completamente a nossa família, e o pior é que ele está com a minha mãe até hoje. Mas ele sabe que eu não gosto disso. Deixei bem claro pra ele através de um recado que ele não vai esquecer tão cedo. Não aprovo por que, além de ele me oferecer cerveja (e eu nem tenho 18 anos ainda) desde uns dois anos atrás, e de não respeitar as minhas crenças religiosas, e de morar com a minha mãe, e de não sair de lá quando eu estiver lá, e de estar vivo ainda, gastando oxigênio de quem realmente merece, foi ele quem destruiu a minha família. Ele quem nos separou. Gostaria que ele estivesse lendo isso.

Mas o pior disso tudo é que sobra pros filhos. Os filhos são os únicos que não tem absolutamente nada a ver com a merda toda são os que mais são sacaneados pela situação. Aonde eu vou, tenho que escolher um lado. Se estou perto dos amigos do meu pai, tenho que fingir que estou do lado dele. Se estou com os amigos da minha mãe, ai faço papel de estar do lado dela. Tudo isso por que ambos os lados falam mal dos lados opostos para os filhos, como se eles tivessem que escutar, como se eles tivessem que odiar os pais pelas coisas que aconteceram. Minha mãe critica o meu pai, meu pai critica a minha mãe, e quem ouve é a gente. As pessoas acham que a gente é psicólogo ou juiz pra ficar ouvindo essa baboseira toda. Mas não temos nada a ver com isso! Não temos que ouvir esse lixo, não temos que escolher um lado, são nossos pais, droga! É muita pressão. É uma guerra, onde civis inocentes são lançados sem dó para o fogo cruzado, e tem que se virar para se salvar. Geralmente conseguem, com muitas feridas, mas as vezes acabam morrendo, e não estou falando em sentido figurado. Isso sim é violação dos direitos humanos. As pessoas deviam ser presas por isso.

Outra coisa que penso muito é em como seria a vida com todo mundo junto. Não seria perfeita, mas seria legal. Voltar depois da escola e ter uma comidinha legal lá esperando, a mãe perguntando: “como foi de aula?”, e eu respondendo: “um lixo”. Ai ela assina a prova nota 9 da minha irmã e a excursão dos nerds da outra. O pai chega e lhe dá um beijo. Começam a conversar alto sobre como foi a droga do dia deles, me atrapalhando de assistir o “Eu, a Patroa e as Crianças”. Eu bato a porta, com toda a razão, afinal é um ótimo seriado, mas a mãe não entende e ameaça desligar a TV se eu fizer de novo. Horas depois ela manda todo mundo dormir e eu, como bom filho que sou, desobedeço e continuo assistindo “Duro de Matar” na “Tela Quente”. Vou então até a cozinha beber água e ouço uns sons esquisitos, como o de algo como uma cama rangendo num vai e volta sem fim, e sussurros: “Tá quase lá, não para! Não para!”. Faço cara de nojo, desisto do filme, e vou dormir com pesadelos terríveis. Acordo no outro dia e descubro que isso não acontece, por que são separados. Não é perfeito, mas seria bom, sabe. Mas não vai mais acontecer, não do mesmo jeito. No máximo com padrastos, mas não é a mesma coisa.

O resumo dessa droga toda é: não se separe depois que casar. Pense em dois tecidos que são costurados pelo casamento para formar uma blusa bonita da empresa “Filhos S.A.”. Se depois de algum tempo a costura ficar velha e você tentar separar os tecidos que deram origem à blusa, vai rasgá-los ou cortá-los, e os dois, vão ficar feios e deformados. Mas a blusa nunca mais será uma blusa.
Casamento é um pacto com o cônjuge, com a. sociedade e com Deus. Mas Deus não vale muito para alguns. Geralmente são esses os culpados pela separação.
Se casar, agüente. E a dica para isso é simples e bíblica: “Faça ao outro o que gostaria que fizesse a você”. E eu acrescento mais uma esta frase: “Mesmo que esteja fazendo só para receber de volta”, não é o certo, mas isso garante a felicidade dos filhos até mesmo ao mais egoísta dos seres humanos.


Vê se se toca, leitor. Não vai fazer a asneira de rasgar o tecido.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Boris Casoy


“Que merda! Dois lixeiros desejando felicidades do alto das suas vassouras... dois lixeiros... o mais baixo da escala de trabalho!”

Uma graça, esse cara. Casoy! Um dos melhores jornalistas desse país. Um cara que não tem medo. Critica todo mundo: político corrupto, policial indecente, artistas imorais e trabalhadores esforçados.

Essas foram as exatas palavras que ele usou quando achou que estava fora do ar: “Que merda! Dois lixeiros desejando felicidades do alto das suas vassouras... dois lixeiros... o mais baixo da escala de trabalho!”

Me admira, né, um homem de tanto respeito, cultura, que veio lá de baixo, batalhou, deu duro, estudou, defende a opinião pública, falar uma coisa dessas de dois garis que dão duro para alimentar suas famílias.

Mas fala ai, Casoy, o mais baixo da escala de trabalho... Isso existe?? Se existe, eu não to sabendo. Ah sim, claro. Quase me esqueço. Existe sim. Os vendedores de drogas, armas ilegais, animais contrabandeados e prostitutas, não garis. Muito menos garis. Os caras dão um duro danado pra limpar a sujeira dos outros. a merda que gente como o Casoy deixa na rua, quem limpa são os garis.

Eu admirava muito o Boris, admirAVA, não admiro mais. Esse era o último cara que eu achava que diria algo assim. Isso é pra gente ver como é difícil acreditar nas pessoas.
Tá certo que no dia seguinte ele pediu desculpas. Mas foi um pedido tão furado, tão fraquinho. Não convenceu.

Um recadinho pro Boris: Boris, "isso foi uma vergonha"... Não, melhor: Boris, você é uma vergonha.

“Que merda! Uma merda de jornalista falando porcaria do alto de seu jornal... Boris Casoy... o mais baixo da escala de trabalho!”
Ops...Chinguei o cara de merda... Acho que falie de mais. Mas tudo bem, se ele fala de mais, não vai se importar com quem fala de mais.

Tá ai o vídeo do cara sacaneando gente trabalhadora: http://www.youtube.com./watch?v=hg7PkPnUBXg

E pra não ser injusto com ele, como ele foi com os garis, vou disponibilizar o pedido de desculpas dele. É claro que foi um pdido montado pro jornal não perder credibilidade: http://www.youtube.com./watch?v=AXg6L9OtMTY

Agora, julgue você mesmo se dá pra acreditar.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Diario de Viagem - Parte 1


Como a maioria dos brasileiros da classe média fizeram, eu também fui viajar. Não que eu seja da classe média, é claro. Pagaram pra mim. Até por que eu fui de ônibus. Um lixo de ônibus. Seriam 18 horas sem nada pra fazer, então resolvi fazer um lindo diário de viagem dentro, narrando tudo a partir da saída da minha casa até a rodoviária de Teófilo Otoni, MG, meu destino. Ficou divertidinho. Vale a pena. Acompanhe:
Diário de Viagem: Bruno Quaresma
Um dos meus piores pesadelos está acontecendo: estou viajando. Não que isso seja ruim, mas é que eu sou meio carente e ficar sentado, sozinho, num banco de ônibus por mais de 15 minutos me incomoda muito. Mas vamos lá. O povo de minas quer me ver, então eu vou lá. Ah sim! Já ia me esquecendo: vou pra Minas Gerais: 18 horas de viajem, que terror! Isso sem contar as duas horas até São Paulo e as 4 horas esperando o buzão chegar. To perdido!

Quarta-feira, 16 de Dezembro de 2009
10h10min, Cidade de Eng. Coelho – Depois de deixar meu pai com a consciência pesada consegui fazer com que ele me trouxesse até a rodoviária, e de carro! Ele queria me trazer, juntamente com a minha mala de umas 30 toneladas, de moto!!!!!
Mas antes de chegar à rodoviária, nós fomos ao mercado, onde ele me fez gastar 15 reais em lanche para a minha viajem. Ele me deu 20 reais para isso, mas esse era o dinheiro que eu iria guardar para as minhas futuras diversões. Passei um pouco de raiva com ele, mas no fim fomos, os dois vivos e sem dinheiro, para a rodoviária.

10h18min, Buzão pra SP – Cheguei na rodô com o buzão quase saindo. Comprei a passagem e embarquei. Eu deixei a mala no bagageiro, só que o motorista, que tem cara de malandro, não deu nenhuma identificação para as minhas coisas. Espero que ninguém roube.

10h45min, Buzao pra SP – Paramos em alguma rodoviária por ai. Eu mudei de lugar para ver se alguém pega a minha mala escondido. Até agora ninguém tentou roubá-la... Ou já roubaram e eu não vi. Vamos voltar pra estrada. Vou parar de escrever por que escrever com o carro andando é um saco! Vou ler Noturno um pouco.

01h59min, Rodoviária do Tietê – Ah, como é bom escrever parado.Cheguei aqui há uns 40 minutos por que essa maldita viagem demorou umas 3 horas, não sei porque. Graças a Deus ninguém roubou minha bagagem.
Fui direto atrás da passagem. Consegui uma pela Itapemirim às 16h00min, mas antes enfrentei um pouco de fila na São Geraldo. Terrível! A partir de hoje eu odeio essa empresa. Que atendimento escroto, viu. A começar pela fila que não andava. Tá, isso é normal na maioria das filas, mas aquilo foi sacanagem. Desde a hora que eu cheguei tinha uma família de três lá no caixa, e eles não saíam de lá! Sei lá o que eles estavam fazendo, batendo um papinho, talvez. Chegaram pro cara do caixa e disseram: “Ei, quer conversar comigo? Quer seu meu amiguinho de Orkut??”... Ou quem sabe foi culpa do atendente incompetente que estava com um rolo de passagens soltas na mão, todo perdido, como ser elas houvessem saído da maquininha por algum erro técnico daquele imbecil.
Fora que a fila dos idosos e gestantes estava maior do que a de gente comum. O atendimento preferencial estava gigantesco!
Eu fui atendido por uma simpática senhora que, bondosamente, levantou-se de sua confortável cadeira e veio até mim, avisando-me que estava livre para me atender. É claro que todo esse encanto acabou quando ela abriu a boca para falar. Parecia que estava drogada. Aparentava uma altitude mental muito elevada, sabe tipo: nuvens... Era a senhora da ponta direita, embaixo da placa da Gontijo do guichê da São Geraldo, ás 13:40 da quarta-feira, 16/12/2009. Espero que ela não seja demitida, pois deve ter uns 200 filhos pra criar, mas um bom treinamento é sempre bem-vindo.
Em fim pulei pro guichê da Itapemirim, onde a fila foi rápida e o atendimento maravilhoso. Só teve um probleminha: A fila do atendimento preferencial estava MAIOR que a do atendimento comum! É como se eles preferênciassem gente comum para ser atendida. “Ah, vamos deixar deficientes, as moças com parasitas na barriga e os velhos que não se agüentam em pé esperando um pouco. Já esperaram a vida toda em filas para votar, pagar contas e serem atendidos pelo SUS... Podem esperar mais um pouquinho, senão eles podem atrapalhar as pessoas normais que tem mais chance de pagar por uma passagem “Golden Super Plus”...”. Aff.

14h32min, Tietê, esperando o ônibus. – Estou prestes a cometer o meu primeiro assassinato. Tem um molequinho aqui que tá com formiga na cueca, não é possível! Ele já levantou, conversou, brincou, pulou, tentou se jogar do segundo piso para a plataforma 23, nove metros abaixo... Ele é terrível! Não sossega! E o pior é que a peste resolveu bater uma garrafa de plástico no banco único, no assento ao lado do meu. Ah!!! Inferno de moleque! Agora ele colocou o dálmata de brinquedo dele na mureta de proteção. Estou quase derrubando o cachorro lá embaixo pra eu ter um pretexto para ajudar o moleque a pular atrás do brinquedo. A única coisa que esse demônio fez de bom foi dizer: “Cala a boca, velha coroca!” para uma berinjela enrugada da idade da Hebe, que dever ser a avó do pirralho. Velha pra caramba! Vou voltar a ler Noturno e prestar atenção em outro molequinho, que deve ser corintiano por que ele tá de olho no meu MP3 que tá carregando ali.

15h59min, mesmo lugar das 14:32. O ônibus sai às 16h30min, por tanto tenho que esperar mias um pouco aqui sentado. Estou feliz por que o moleque morreu. Ou simplesmente saiu daqui, eu não sei direito. Talvez a avó dele tenha se cansado e matado ele afogado na água da privada, ou talvez tenha queimado ele, ou enfiado o nariz e a boca dele no escapamento do ônibus para que ele morresse lenta e dolorosamente... Não.., eu não tenho tanta sorte assim.
Sentado aqui, escrevendo, fico na expectativa de quem terá o imenso desprazer de sentar ao meu lado no buzuca. Digo desprazer por que a pessoa vai ter que permanecer muda e, preferencialmente, sem respirar durante a viagem toda, por que, alem de eu querer dormir (adoro), eu odeio, mas odeio com todo o meu coração, quando um desconhecido começa a conversar comigo. Nossa! Eu fico irado, não sei por que. Como será esse infeliz? Pode ser a minha futura esposa, meu futuro chefe, meu futuro caso de homicídio doloso... Espero que seja alguém legal, ou que não seja ninguém.

16h49min, no buzão. – Enfim no ônibus. Depois de uma tarde até que agradável, embarquei no Itapemirim amarelão Tribus, o ônibus mais barato da frota. Uma pobreza de ônibus. Até que tá bem conservado, mas deve ter a idade do Seu Madruga. Nessas horas que eu fico pensando se eu não deveria ter esperado até a noite e embarcado pela São Geraldo. A Itapemirim tá de parabéns pelo atendimento, mas os ônibus... PQP, né! (Po, Que Pena). Tá certo que é o básico, pras classes mais baixas e tal, mas nem por isso tinha que vir o ônibus dos Flinstones, né? Pelo menos deram uma sacolinha para não vomitar no chão e uma revista para a leitura... Não sei pra quê, já que pobre não sabe ler. Pelo menos pobres que mereçam esse ônibus. Mas agora eu estou em duvida, será que nós somos pobres ou pobre é a empresa que só tem sucata, em vez de ônibus. Voto na 2ª opção, apesar de eu não ter dinheiro.
Mas a essa altura a única coisa que eu quero é sair de SP. Deu uma chuva terrível agora pouco, e você sabe, né... Chuva + SP = Oceano.
Ah, quase me esqueço. O banco ao meu lado está vazio. Estou quase pulando de alegria aqui. O único problema é que a negona da fileira ao lado tem dois filhos. O filho mais velho de uns 3 anos, que ela está espancando nessa viajem, e a menorzinha de um ou dois anos, que está dormindo... O problema vai ser se ela acordar. Mas talvez eu arranque o meu tênis e jogue na testa dela, garantindo que ela nunca mais acorde .

21h15min, algum lugar onde Judas perdeu as botas. – Paradinha de uma hora pro pessoal comer comida ou passageiras mais... deixa pra lá. Adorei o meu lugar. Estou sozinho no banco e o pessoal tá calado. Até as criancinhas perto de mim não dão um pio, nem mesmo quando a mãe as espanca. Acho que elas pressentem o perigo de me deixarem irritado. O ruim é a mãe deles. Meu, como pode, o moleque deve ter três ou dois anos, e a mãe xingando, brigando e batendo nele. Eu gosto de crianças, na verdade, gosto mesmo..quando eu to de bom humor. Eu que tava quase jogando o meu tênis na menininha para ela não acordar e abrir o berreiro, estou quase jogando o meu banco na mãe dela pra ela parar de bater daquele jeito nos filhos. Alias, acho que vou ali pra perto do meu ônibus, por que tem um imbecil fumando do meu lado.

Diário de Viagem - parte 2



Quinta-feira, 17 de Dezembro de 2009
01h00min, algum lugar onde Judas perdeu o endereço pra comprar outra bota. – Outra parada. O motorista foi lavar o ônibus. Eu finalmente havia conseguido dormir, depois de horas ou minutos, não sei direito, tentando. Quero dormir!!!
O cara foi levar o ônibus para lavar. Mesmo sabendo que ele vai voltar, sempre dá aquele gelo na barriga: “E se ele não voltar??”. Acabo de ver um ônibus da São Geraldo. Parece muito mais bem conservado que o da Itapemirim. Droga!

01h08min – O ônibus voltou!

7:18, um lugar tão longe que o Judas já deve ter feito uma bota pra ele. – Depois de uma terrível noite de pouco sono, onde eu rolei no banco e acordei toda hora, o que eu mais queria era acompanhar o nascer do sol. Acordei umas 5:00 e fui direto pra janela. Vi algo fantástico, e não era loira. Era uma paisagem linda, um gramado imenso, irregular, como aquele dos Teletubbies. Era um vale, rodeado de montanhas rochosas. A neblina caía sobre ele. E lá atrás vinha o sol, lentamente, tímido ainda. Essa paisagem se repetiu por mais alguns minutos em alguns outros lugares. As vezes com rios calminhos, ou cavalos correndo. Foi incrível.
“Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia a obra de suas mãos.” Sl
Mas infelizmente o espetáculo do nascer do sol acabou e as criancinhas a minha volta acordaram. Malditas! Mas o pior é a mãe delas. Deixa eu explicar melhor: É uma barangona, de uns 28 anos, negona, com pança, daquelas que usa pouca roupa e um tamanco gigantesco de madeira bruta, achando que é bonito. Ela possivelmente teve os filhos solteira ou apanha do marido, por que não para de bater nos filhos. Principalmente o mais velho. Os pais acham que os mais velhos são algum tipo de saco de pancadas onde podem ser descarregadas todas as frustrações deles. Tá terrível o negócio aqui, viu.
O moleque acabou de levar um tombo bem cômico. Ele acordou e ficou de joelhos no banco, enquanto a mãe brincava com a filhinha, na fileira ao lado, que possivelmente tem a mesma idade mental que ela. O ônibus então deu uma freada numa curva. O moleque não teve nem tempo de piscar. Voou! Foi parar no corredor, de boca no chão. Sabe o que a mãe fez?? Pegou o moleque pelo braço, o colocou em pé e tirou sarro! E ainda disse que se chorasse, apanharia! É uma criança, levou um tombo super engraçado... É claro que iria chorar! E ainda por cima ia apanhar se fizesse isso! Mas por quê?? Ele não fez nada de errado. Foi culpa da força da gravidade, bate nela, ué.

09h03min, acho que o Judas já morreu atrás de uma bota nova. – To com a impressão de que estou quase lá. Acabei de lembrar de algo que eu não escrevi. Lembra do dinheiro que eu gastei comprando lanche? Então, gastei de mais. Não comi nem a metade dos biscoitos deliciosos que eu comprei, o que me faz lembrar de outra coisa. Ontem a noite a Polícia Rodoviária Federal parou nosso buzão para ver se tinha drogas ou outro tipo de mercadoria ilegal. Imagina se eles me vissem com aquele monte de bolacha! Nem nota fiscal eu tenho, joguei fora quando comprei. Mas graças a Deus essa viajem já está acabando. Só espero que eu entenda a minha letra depois, na hora de passar pro Blog. Escrever com o ônibus em movimento é terrível!
[Nota: Como podem ver, eu entendi!]

09h18min, Lembrei o nome do lugar: É Gov. Valadares. – O transito parou aqui, não sei por que. Tenho que ligar para o meu avô, mas me dei mal por que o meu celular só pega no estado de SP. Pobre.

09h33min, andamos um pouco. – Meeerrdaaa!!!!! Acabou a bateria do MP3!!!!!!!! Nãããããooooo!! Que inferno! agora fiquei bravo. Sem sinal no celular, suado, cansado, tudo bem, fedido, até ai tudo bem, agora acabar a bateria do MP3... Aí é sacanagem! Tomara que essa viagem acabe logo, viu. Droga de viagem.

09h58min, apoio rodoviário da Itapemirim em Gov. Valadares. – Paramos um pouco no apoio rodoviário da Itapemirim e deu pra carregar meu MP3 e falar com meu Avô! Mais duas horas de viagem ainda, mas pelo menos meu humor voltou.

11h00min, tchau Judas. – Parados na estrada, no meio do nada absoluto, um transito terrível, um calor infernal, nessa droga de ônibus que não tem TV, vendo a massacrante imensidão desse planeta e vendedores ambulantes com pencas de milho cozido na brasa. Que lixo que é a Itapemirim. O ônibus é velho, sujo, bancos rasgados, chão grudento por que vomitaram ou derramaram suco nas viagens anteriores desse veiculo... O Banheiro!! Aff, desgraça de compartimento. Terrível! Dá pra ver o chão da rua pelo ralo do piso, e o ralo da privada não fecha,e então se alguém soltar o Pelé por lá ele vai ficar boiando e sorrindo pra você. Também não dá pra urinar por que, se for mulher, não vai querer sentar lá, eu aposto... E se for homem, o ônibus balança e a gente perde o controle. Tá, isso é normal, mas nos outros ônibus, dá pra se apoiar na parede. Esse aqui não, se você encostar na parede a luz apaga!! Foi terrível ontem a noite, cara. Terrível! Não viajem pela Itapemirim. Vão pela São Geraldo, pela Tupiniquim, Viação da Esquina... Vão com as asas do diabo, mas não vão pela Itapemirim!

11h21min, ... – Ainda parados. A filhinha da vaca ao lado berrando, e a vaca espancando ela. Que inferno, viu. Essa viajem não acaba nunca?

11h23min – Andamos!

12h28min, não me lembro aonde. – Agora sim já deve estar chegando. To tão cansado que quase escrevo “sim” com “Ç”. Ainda estamos no meio do nada. Meus avôs não moram, se escondem! Eles devem estar em algum tipo de programa de proteção à testemunha, sei lá. Aí cavaram um buraco no meio das montanhas e fizeram um ninho ali...

12h50min, ???. – 32 quilômetros para o meu destino que não chega nunca.

13h19min, Teófilo Otoni, MG – Em fim, cheguei.

Mais informações sobre celebrações de fim de ano nas próximas postagens.