sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Cuidado: casamento


Vez ou outra eu me pego pensando na minha namorada. Não que eu tenha namorada, eu não tenho, mas logicamente gostaria de ter. Pena que o sentimento não é recíproco, né. Mas eu penso nela mesmo assim. Não sei quem, alguém. Penso muito, é agradável pensar em algo assim. Penso em como ela vai ser. Será que vai ser loira, morena, japonesa... Será que vai ser estilo “Malhação”: Linda, e sem nada na cabeça. Ou vai ser estilo fósforo: Feinha, mas tudo o que tem tá na cabeça. Penso no meu relacionamento com ela. Vamos namorar tantos anos, noivar, casar, ter filhos, brigar, separar – Ué? Meus pais se separaram, por que eu não posso ser igual a eles?? –, odiarmo-nos, causar problemas aos nossos filhos por causa disso, termos uma vida infeliz cada um num lado, e morrermos sozinhos... Essas coisas acontecem, né? Separações e traumas. Pensando bem, casamento deve ser meio egoísta. Tanto dinheiro gasto pra depois pedir o divórcio... Teria sido melhor ter dado a grana pros pobres.

Logicamente não é isso que eu quero pra minha vida, ninguém quer. Disse tudo isso só pra depois resumir: não se separe. Pelo amor que você tem a alguma coisa que você ame, se for separar, não case. Tenha sua própria vida promiscua e pegue AIDS por ai, mas não case se for separar. Divórcio só é bom pro advogado e pro juiz, pra ninguém mais.

Faz uns três terríveis anos e meio que meus pais se separaram. Ganhei algumas coisas desde lá. Coisas que eu não teria ganhado se não houvesse separação. Sério. Saí ganhando com isso tudo. Ganhei um belo problema psicológico! Não sei bem o porquê, mas sei que tem haver com a falta da mãe o fato de eu não ter uma namorada hoje, por exemplo. O filho tem que ver seus pais se relacionando bem, sabe. Fiquei muito carente uns tempos atrás. Estressado... Ninguém pra me apoiar nos estudos ou pra me dar aquele carinho no fim do dia, depois da aula. Depressões adolescentes leves, timidez. Sou muito tímido, acredite. Sou tipo um homem porta: você tem que empurrar para abrir. E etc. Graças a Deus que colocou bons amigos, pastores e psicólogos na minha vida, esses são problemas que eu não tenho mais. Mas minha irmã, coitada, ganhou algo pra vida toda: Diabetes. É claro, ganhou também seringas, insulina e internações hospitalares gratuitas, que vieram junto no pacote. Minha outra irmã é meio revoltada, rebelde, mas daqui a pouco passa. E quem eu culpo por isso? Meu pai por ter deixado minha mãe sair de casa pra fazer faculdade?? Ou minha mãe por ter conhecido o Cha... Ops, não posso citar nomes. É indelicado. Não vou culpar o diabo, é claro, mesmo sendo ele o culpado. Todo mundo coloca a culpa no desgraçado, não vou fazer isso. Mas pra mim a culpa se divide entre os três, mas um tem mais culpa diante de mim. O cara que separou a minha mãe do meu pai, o cara que destruiu completamente a nossa família, e o pior é que ele está com a minha mãe até hoje. Mas ele sabe que eu não gosto disso. Deixei bem claro pra ele através de um recado que ele não vai esquecer tão cedo. Não aprovo por que, além de ele me oferecer cerveja (e eu nem tenho 18 anos ainda) desde uns dois anos atrás, e de não respeitar as minhas crenças religiosas, e de morar com a minha mãe, e de não sair de lá quando eu estiver lá, e de estar vivo ainda, gastando oxigênio de quem realmente merece, foi ele quem destruiu a minha família. Ele quem nos separou. Gostaria que ele estivesse lendo isso.

Mas o pior disso tudo é que sobra pros filhos. Os filhos são os únicos que não tem absolutamente nada a ver com a merda toda são os que mais são sacaneados pela situação. Aonde eu vou, tenho que escolher um lado. Se estou perto dos amigos do meu pai, tenho que fingir que estou do lado dele. Se estou com os amigos da minha mãe, ai faço papel de estar do lado dela. Tudo isso por que ambos os lados falam mal dos lados opostos para os filhos, como se eles tivessem que escutar, como se eles tivessem que odiar os pais pelas coisas que aconteceram. Minha mãe critica o meu pai, meu pai critica a minha mãe, e quem ouve é a gente. As pessoas acham que a gente é psicólogo ou juiz pra ficar ouvindo essa baboseira toda. Mas não temos nada a ver com isso! Não temos que ouvir esse lixo, não temos que escolher um lado, são nossos pais, droga! É muita pressão. É uma guerra, onde civis inocentes são lançados sem dó para o fogo cruzado, e tem que se virar para se salvar. Geralmente conseguem, com muitas feridas, mas as vezes acabam morrendo, e não estou falando em sentido figurado. Isso sim é violação dos direitos humanos. As pessoas deviam ser presas por isso.

Outra coisa que penso muito é em como seria a vida com todo mundo junto. Não seria perfeita, mas seria legal. Voltar depois da escola e ter uma comidinha legal lá esperando, a mãe perguntando: “como foi de aula?”, e eu respondendo: “um lixo”. Ai ela assina a prova nota 9 da minha irmã e a excursão dos nerds da outra. O pai chega e lhe dá um beijo. Começam a conversar alto sobre como foi a droga do dia deles, me atrapalhando de assistir o “Eu, a Patroa e as Crianças”. Eu bato a porta, com toda a razão, afinal é um ótimo seriado, mas a mãe não entende e ameaça desligar a TV se eu fizer de novo. Horas depois ela manda todo mundo dormir e eu, como bom filho que sou, desobedeço e continuo assistindo “Duro de Matar” na “Tela Quente”. Vou então até a cozinha beber água e ouço uns sons esquisitos, como o de algo como uma cama rangendo num vai e volta sem fim, e sussurros: “Tá quase lá, não para! Não para!”. Faço cara de nojo, desisto do filme, e vou dormir com pesadelos terríveis. Acordo no outro dia e descubro que isso não acontece, por que são separados. Não é perfeito, mas seria bom, sabe. Mas não vai mais acontecer, não do mesmo jeito. No máximo com padrastos, mas não é a mesma coisa.

O resumo dessa droga toda é: não se separe depois que casar. Pense em dois tecidos que são costurados pelo casamento para formar uma blusa bonita da empresa “Filhos S.A.”. Se depois de algum tempo a costura ficar velha e você tentar separar os tecidos que deram origem à blusa, vai rasgá-los ou cortá-los, e os dois, vão ficar feios e deformados. Mas a blusa nunca mais será uma blusa.
Casamento é um pacto com o cônjuge, com a. sociedade e com Deus. Mas Deus não vale muito para alguns. Geralmente são esses os culpados pela separação.
Se casar, agüente. E a dica para isso é simples e bíblica: “Faça ao outro o que gostaria que fizesse a você”. E eu acrescento mais uma esta frase: “Mesmo que esteja fazendo só para receber de volta”, não é o certo, mas isso garante a felicidade dos filhos até mesmo ao mais egoísta dos seres humanos.


Vê se se toca, leitor. Não vai fazer a asneira de rasgar o tecido.

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