quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Call of Zulu IV - O segredo



Domingo, 7 de junho de 2009, 7 da manhã

-Tenho que contar algo para vocês. São os únicos em quem posso confiar. - Rebaixou-se, sua alteza real, o diretor, ao nível de 4 alunos do terceiro ano, após parar o carro na beira da estrada, o único local seguro o bastante. - Eu não sei mais o que fazer.
-Oh grande mestre, diga-nos. Sou-lhe inteiramente ouvidos. - Um dos alunos puxou o saco.
-Há alguns dias, rumores de que uma de nossas servidoras havia tido um noivo que morreu foram ouvidos pelas veredas do colégio.
-Oh vida! Isso é terrível! - Disse outro dos alunos.
-Uma de nossas servidoras? Não posso acreditar. Mas, poderoso, - Aquele lá continuou puxando o saco - qual seria a servidora?
Sua alteza suspirou alto:
-O nome dela... - ele olhou para seus discípulos - É Eliana Gava.
-Ohh!!! - Eles não puderam acreditar. - Gava??
-Gava para mim era sinônimo de auto-sustentabilidade... - Disse um deles.
-De individualidade total... - Disse outro.
-De autonomia... - Mais um.
-De comida árabe. - E o quarto. - Mas, oh poderoso mestre, até eu estaria como o senhor está, se eu fosse o senhor. Mas saiba, soberano, que mesmo nesse vosso momento de fraqueza ainda continuo admirando e idolatrando o senhor. - Arrancou o saco por completo, o aluno.
-Bom, é isso, crianças. Agora vamos todos ali para o Parque da Mônica começar nossa excursão, enquanto os outros 300 alunos bobinhos continuam se matando de estudar! - Disse o diretor.
-Eba!! - Os alunos saíram do carro, pulando de felicidade, correndo até os portões do playground da dentuça, mas uma ficou para trás.
-Mestre diretor. Não quero ser intrometida, mas... O senhor sabe quem é o único capaz de resolver essa situação. - Disse a encarnação de um porcão palmeirense roxo com nome de atriz mexicana, Paola - A Mortal.
-Eu sei. Mas devo confessar que aquele homem me dá arrepios.
-Ele não é homem. É o Zulu.
Paola se virou e levantou os olhos para o coelho esquisito da valentona. Lá no alto, uma figura medonha de casaco marrom balançando ao vento, fulminava a todos com seu olhar frio e calculista. Paola fez um sinal afirmativo para ele. Ele se virou e desapareceu, como num passe de mágica.
Os dias correram tranquilamente, como se nada estivesse acontecendo. A não ser pelos boatos do noivo da lindinha que corriam soltos como cabritos em época de acasalamento, não respeitando credos, raças, salas, departamentos ou opção sexual. Quase todos já tinham ouvido algo a respeito. As mais diversas versões já circulavam nos corredores da escola e na internet. Comunidades no Orkut com nomes como: “Ela já teve um noivo” e “Por que não pode ser eu” já davam pau no Google de tantos membros que participavam. Os perfis fakes “@ElianaMininona” e “@Ricardão_Gava” já batiam todos os recordes de seguidores do twitter. Digitando “O noivo da Gava” no Google, mais de 264.000.000 de paginas poderiam ser encontradas. E em Hollywood o mais novo filme já estava em cartaz: “O Noivo Cadáver”. Sim, um dos quatro alunos abriu a boca, e ai já viu, né...
A história chegou aos professores. Era justamente o último lugar onde poderia ter chegado. Isso significava que a panela realmente encheu.
Os professores conversavam após as aulas de segunda-feira a tarde, quase no fim do expediente. Discutiam numa roda, a portas fechadas, dentro da Sala Mortal, num bate-papo sinistro, onde ninguém entendia nada, poucos entendiam tudo e todos se entendiam perfeitamente:
-É, por que com certeza foi isso mesmo. – Matemáticou Newton.
-Não, não pode ser. Essa história é furada. –A geografia bate de frente com a matemática.
- AH!!!!! Sabe o que eu acho? – A professora Ana Paula entrou na conversa. Há! Agora já era. – Pra mim o noivo dela foi abduzido por alienígenas – Ver Call of Zulu 3, A Invasão.
-Que alienígenas o que... Isso tudo é balela. Pra mim ele virou uma estrela do rock, assim como eu, e desapareceu. – Disse Jônatas, PopStar.
-Mas será que isso é verdade mesmo? Ela sempre foi tão segura de si. – Afirmou Ed, mais conhecido como Romer.
-Ué, ela pode estar fingindo para manter sua imagem. Filósofos fazem isso o tempo todo. – Arremessou, longe, muito longe, Mara.
-Coleguinhas, ela tá vindo numa velocidade de 4km/h, numa aceleração media de 1,2 e1,3 m/s², sob a trajetória do vento a nordeste em 7km/h de temperatura constante de 28ºC. Pesa aproximadamente 52 Kilos, o que lhe confere pouco atrito e 52 Kilos de retorno da Terra a cada passada. – Anunciou Murilo, o louco. – Deve estar aqui em 3, 2, 1...
-Oi lindinhos.
Cada um sorriu como pôde. Foram dando desculpas completamente esfarrapadas como: “Puts! Esqueci o canetão no 3ºD”, ou “Deixa eu ir que tem ensaio da Cabana”, e saíram todos menos um. Sim, ele, que até agora observada tudo do canto, sem dizer uma palavra, o grande, o poderoso, o implacável... Não, dessa vez não era Zulu, era o Ruy!
Ele se dirigiu à Gava:
-É... Professora, sabe eu... Eu fico até meio sem jeito... Cê sabe, num pega bem pra mim e tal, to fazendo regime, malhação, vou ficar bombado, Jackson Five coisa e tal, mas eu queria te fazer uma pergunta indiscreta.
-Claro. Pode fazer, lindinho.
-É que, tipo assim... To com vergonha, mas... Faz um chapéu de marinheiro pra mim? É que vai ter trote do terceiro ano na quarta e...
-Lindinho, quarta-feira você não tem aula e o trote foi cancelado.
-Ufa, que ótimo. Bom, eu vou embora então. Nem sei o que eu to fazendo aqui. Sabe, segunda-feira eu também não tenho aula. Dãã... Alias, seu filme vai sair amanhã.
-Meu filme?
-É. Sobre o seu noivo.
-Nossa, eu nem sabia.
-Nem eu. Descobri desse filme hoje, na crônica do Jack...
-Sobre o meu noivo. Eu nunca tive noivo.
-Não?
-Não.
-Não?
-Não.
Uma pausa e:
-Não?
-Não.
Uma pausa maior:
-Não?
-Não.
-Uau. Mas então o que a escola inteira está comentando não é verdade?
-A escola inteira?
-Sim. Já saíram as mais belas e criativas histórias. Saiu até uma musica:

Santa Gava, hoje Eliana
Mas um dia o noivo despertou
Deixou de ser gigante adormecido
E dele um anão se levantou
E foi num país subdesenvolvido
Subdesenvolvido, subdesenvolvido, etc.

-Nossa, mas tudo isso é mentira. Eu nunca tive noivo, ou marido, ou namorado, ou amante, ou uns catos... Bom, uns ficantes, quem sabe, hehe... Mas o fato é que eu nunca tive noivo nenhum.
-Hum. Entendi. Bom, então vou ajudar a desmentir essa história. Mas antes eu vou pra casa usar a internet. Tenho que sair da comunidade “Eliana Faturou” e dizer pro pessoal do Twitter que o Ricardão é um fake. Até mais.
E lá foi Ruy, puxando sua malinha com rodas. Ele sumiu.
-Ufa. – Suspirou Eliana. Ela tinha algo a esconder.
Começou a retirar um papel de sua mala, mas foi interrompida.
-Essa foi por pouco, ein? – Uma voz grossa e imponente fez a sala toda tremer. Era Zulu. Aparecera do nada, apoiado num dos umbrais da porta da Sala do Conselho do Mal.
Gava escondeu o papel de baixo do braço rapidamente.
-O que, lindinho?
-Quase que ele descobre.
-Eu nã... Não sei do que está falando. – Ela se levantou e virou as costas, andando na direção contrária, para melhor esconder o papel.
-Ambos sabemos, professora, qual é a história verdadeira.
Eliana arregalou os olhos. Como ele poderia saber? Ninguém sabia, então como? Esquecera que ele não era alguém, era o Zulu.
Gava se virou para tentar explicar, mas ele havia sumido... Repentinamente.
Ela estava assustada. Mas no fundo sabia que Zulu não diria nada a ninguém. Levantou o papel para vê-lo melhor. Uma lágrima rolou de sua face. Amara muito aquele homem.
A lágrima manchou o papel. Ela rapidamente tentou limpar, mas foi em vão.
O papel ficou gravado com aquela gota salgada. Ela sentiu por isso. Aquele documento era a única lembrança que guardara de seu único e verdadeiro amor: era o atestado de óbito de Michael Jackson...

Um comentário:

  1. JACK perfeitoooo
    comida árabe???
    e romer eh com H HOMER
    hdusahudhsaudhsuhdushduashduhsudhas
    adoreii o melhor call of zulu
    se a GAva ver isso estamos mortos}}

    beijo.me.liga

    ResponderExcluir