quinta-feira, 4 de março de 2010

A História de Ester na Record


Ontem, dia 03/03, no canal da Igreja Universal começou a nova mini-serie brasileira: A história de Ester! Confesso que gostei muito. Não só por que a é uma história fantástica e muito bonita. Tudo naquela história bíblica faz sentido. As coisas vão acontecendo separadamente, mas se juntam no final e fica tudo legal. Parece com os seriados que passam atualmente, sabe o “24 Horas”, o “Lost”, “Flasforward” – menos conhecido. Mas eu gostei também pelo mesmo motivo que gostei do Força Tarefa da Globo: A TV brasileira está crescendo na direção de Hollywood, e isso é bom para gente como eu que gosta muito de um bom filme. Estão começando a fazer filmes com histórias épicas de custo alto, ou seriados de ação como os americanos, e isso é muito bom. É claro que ainda estamos longe de ter algo bom e brasileiro pra assistir. Dá pra ver claramente que essas produções globais e universais (espero que você tenha entendido) ainda são ruins pra caramba, se comparadas às produções hollywoodanas, mas já da pra assistir sem dormir. É claro que as mesmas são muito boas, se comparadas às porcarias que são as novelas brasileiras. Eu assisti um pouco de força tarefa e pretendo ver o Ester também.

Mas como tudo o que se faz no Brasil, essa ai também veio carregada inúmeras situações que não têm sentido algum! Claro que tendo em vista que é uma produção baseada em uma história bíblica, a culpa não é do Brasil, mas sim dos produtores que tentam lucrar com a criatividade divina, que foi a responsável por encaminhar os acontecimentos dessa bela história. Parece que ninguém sabe conduzir um filme ou série bíblica seguindo o que já foi escrito. Colocam situações e mais situações que, velho, não precisa!! A história já é bonita demais, não precisa ficar modelando aos moldes atuais. Para os produtores, não é uma simples história, é um meio de lucro. Eles tentam vender, e acabam fazendo besteira. Sempre tem que colocar o “dedão” ocidental nessas produções. Mas beleza, não vou falar muito disso. Quero me demorar um pouco mais em algumas coisinhas que eu percebi e que poderiam ter sido evitadas sem ter que mudar muito o roteiro ou perder muitos “clientes” telespectadores. São coisinhas que mostram claramente o despreparo dos roteiristas, ou a ganância dos diretores.

A primeira dessas coisinhas é quanto á linguagem dos personagens. Os cenários foram muito bem feitos, as roupas, os costumes da época, mas a linguagem desses caras foi sacanagem! Eles usam palavras bonitas, sabe, por exemplo: “Protocolo”. Mas, eu não sei direito, não sou especialista, mas pra mim é óbvio que ninguém usava uma palavra como essa. Protocolo... Você consegue imaginar alguém há uns 3 ou 4.000 anos atrás falando isso? Sem contar os sotaques dos personagens. Imagina o Ronaldinho falando... Isso é um problema de tudo o que é feito na TV brasileira. É incrível! Pode prestar atenção. Todas as novelas, qualquer novela brasileira, mesmo as que não têm nada a ver com o Brasil como “Negócio da China” – chineses espertos, “Caminho das Índias” – Indianos espíritas, “O Clone” – Árabes igualmente espíritas, “Poder Paralelo” – Italianos mafiosos, e todas as outras, os personagens todos falam “carioquês”. Ninguém, cara, ninguém é de São Paulo, do Distrito Federal, ou do Ácre que seja. Todo mundo é do Rio de Janeiro, até quem nasceu na Índia, na China, ou na Pérsia, que é o caso da Ester-fluminense. Os diretores querem fazer essa coisa vender, mas não cuidam do sotaque dos personagens! Será que eles não param pra pensar que o sotaque carioca veio depois do descobrimento do Brasil na data fantasiosa de 1.500?? O rei Assuero, que casou com a Ester, não podia ser do Rio. Nem a mulher dele, nem o Hamã, nem Ester, nem ninguém! E isso vale pras novelas citadas também. Para os diretores só existem cariocas, assim como para os americanos só existem americanos.

Nessa mini-série há uma ocidentalização da história, além do sotaque carioca, é claro.Um exemplo disso é a cena em que Hamã passa na rua, na hora do desfile e tal. Então alguém dá a ordem para que todos se curvem ao Hamã, e eles obedecem, menos o Mordecai – conhecido também como Mardoqueu. Hamã então vai até ele e o empurra com força. O velho vai no chão, se machuca, Hamã tira sarro, vai embora, coisa e tal... Até ai, tudo bem. Até que os que estão em volta resolvem ajudar a levantar o pobre do Mordecai. Um imbecil qualquer então, comentando sobre o ato do Hamã, dispara: “Isso é um absurdo!”. Absurdo é a mente do cara que fez as falas! Aquele era o costume da época. É um absurdo hoje, a 3.000 anos não! Mordecai não era um hospede, ele era um escravo! Escravos eram empurrados e não saíam por ai dizendo que as coisas eram absurdas, isso era normal! Não que ele gostasse, é lógico que não gostava. Mas o povo dele perdeu a guerra, não tinha que reclamar se fosse empurrado! Isso é um absurdo para nós, pós-modernos, mas pra época deles não. Fico indignado com isso. Fora que Mordecai era da guarda do rei, ele não cairia facilmente nem se fosse velho. A história do bispo Macedo, e olha que é bispo, mostra o cara como um vendedor, ou algo assim.

Outra ocidentalização foi quando Ester está relembrando seus pais conversando com ela quando era pequena. Até que a mãe começa a falar do colar da família. Aí o pai dela diz: “... que nossos ancestrais ficaram 40 anos no deserto guiados somente pela fé no Deus antigo...”. Essa doeu muito, mas muito, mas muito mesmo. Não por que não foram só 40 anos, foram 80, 40 até o Jordão e mais 40 vagando até a geração da época morrer. Doeu por causa do “Deus antigo”. Nós falamos “Deus antigo”. Os povos da antiguidade, além de não falar “protocolo”, não falavam “Deus antigo”! Não era antigo pra eles, era muito atual, tanto quanto deveria ser para nós. É como se eu dissesse: “Antigamente eu comi arroz e feijão”, sendo que eu comi arroz e feijão ontem, e não a 4.000 anos atrás. Deus antigo, essa foi boa...

Como se não bastasse, nessa produção aos moldes de uma novela mexicana, ou brasileira mesmo, fizeram com que a mulher de Hamã traísse a mulher do rei. Parece que ela é parte de uma conspiração gigantesca,com o objetivo de dar um golpe de estado no rei. Ela sacaneou a rainha e a convenceu a não ir até os convidados do rei para que eles pudessem vê-la. Tá, isso é perdoável, já que a história original diz que o rei estava bêbado e queria que a mulher tirasse a roupa na frente de todo mundo. É perdoável por que, pelo menos dessa vez, a cena não ficou tão imoral assim, embora fosse muito melhor mostrar a mulher mostrasse respeito próprio e auto-confiança, sendo firme como a mulher atual deve ser, contrariando uma ordem do rei para defender sua honra. Muito melhor do que mostrando ela sendo enganada e depois se humilhando, tentando voltar atrás. Outra situação característica de novela foi quando o rei ordenou que todas as virgens do reino fossem trazidas pra ele poder escolher. Na mini-série as moças foram arrancadas de suas casas, do jeito que estavam, e foram levadas ao rei. Para deixar a coisa mais estranha ainda, Mordecai escondeu Ester para que ela não fosse levada. A história real nos mostra um concurso de beleza completamente livre. Até porque, que mulher, em sã consciência, não gostaria de ser a esposa do rei e rainha do MUNDO?? Elas não correram e os soldados não obrigaram, elas foram por que quiseram. E Mordecai ainda disse a a Ester deveria ir. Fora que, com certeza, não foi um acontecimento imediato, demorou meses para que todas as moças de todos os reinos chegassem ao palácio.

Hoje eu vou assistir de novo. Deixando os terríveis erros – que poderiam ser facilmente corrigidos – de lado, é uma série legalzinha... Bom, pelo menos o primeiro capítulo não foi chato. Mas vamos ver, né. É claro que eu não estou muito confiante não, viu. Acho que as produções brasileiras têm muito a crescer ainda. As séries e mini-séries geralmente têm dois ou três capítulos para me convencer a assistir, e eu não confio na TV brasileira. Mas, vamos ver o que o bispo tem pra mim.

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