terça-feira, 17 de novembro de 2009

Memórias Póstumas de D. Silva


Pessoas nascem. Pessoas morrem. Pessoas tomam decisões. As pessoas acertam. As pessoas erram. Todos os dias. Quando acertam, comemoram. Quando erram, se redimem. Meu nome é D. Silva, e eu me redimi. Pena que foi bem no dia em que eu morri.
Eram seis horas da tarde. Mais uma vez eu chegava em casa com uma garrafa de Wisky na mão. Frustrado, acabado, sem razão para viver.
Na minha gaveta havia uma arma e uma foto. Eu estava de uniforme ao lado do meu antigo parceiro, Bruno. Trabalhei por 14 anos quando estive na polícia.
Meu vizinho bateu a minha porta. Tinha um bilhete dizendo que o filho mais novo, prodígio, P.C. Junior seria sequestrado. 500 mil dólares deveriam ser deixados na banca de jornais perto da estação do trem, as 10:50. Ele já tinha o dinheiro, mas não confiava na polícia para isso.
Eu disse a ele que não serviria para isso. Estava aposentado.
- Eu sei do seu passado. – Ele disse – Só confio em você. B Bruno só confiava em você.
Minha respiração aumentou. Como ele sabia? Era juiz, sabia de tudo.
- Sabe que eu o matei. – Disse a ele.
- O que sei é que salvou a vida dele. Ele foi morto por um atirador vindo de trás. Para te salvar. Mas o meu filho...
Engoli seco.Concordei. Peguei minha arma, a fotografia, e fui.
Cheguei, como um bêbado, à banca de jornal. Cai metros a frente e lá fiquei. Ninguém suspeitou, já que aquela era minha imagem mais comum.
Meu vizinho deixou o dinheiro no local e horário, e, conforme as ordens, pegou o trem das 11. Um cara encapuzado apareceu com uma bolsa cheia de chocolate. Deixou na Banca da Zoraide, a chocólatra. Pegou o dinheiro e foi.
Esbarrei nele, deixando-lhe um rastreador. Segui de longe com o GPS, até o cativeiro. Encontrei sete homens armados até os dentes e P.C. Junior entrando no sistema de energia elétrica de metade do país. Ele valia cada centavo pago pelo pai.
Inciei um tiroteio para salvar o garoto. De parede em parede, abaixado ou em pé, atirava sem parar. Matei cinco dos homens. Junior estava abaixado. Havia acabado de deixar 18 estados num terrível apagão.
O peguei pela mão para tirá-lo dali. As sirenes policiais já podiam ser ouvidas. Peguei o garoto pela mão. Quando estávamos saindo, levei dois tiros repentinos nas costas, e um no ombro, pela frente.
Cai ajoelhado, mas tive forças para matar o homem que atirou pela frente. Ordenei que o garoto corresse e caí no chão, como morto.
O sétimo homem olhou para mim, mas não deu ousadia. Virou as costas e foi atrás do P.C. Consegui mata-lo com as duas balas que sobraram. E com minhas últimas forças peguei a fotografia, ironicamente, manchada pelo meu sangue. Não tive forças para olhar pra ela. Só me lembro de ver o garoto rodeado por policiais. Ele estava a salvo, e eu morri em paz.

Um comentário:

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