terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Diário de Viagem - parte 2



Quinta-feira, 17 de Dezembro de 2009
01h00min, algum lugar onde Judas perdeu o endereço pra comprar outra bota. – Outra parada. O motorista foi lavar o ônibus. Eu finalmente havia conseguido dormir, depois de horas ou minutos, não sei direito, tentando. Quero dormir!!!
O cara foi levar o ônibus para lavar. Mesmo sabendo que ele vai voltar, sempre dá aquele gelo na barriga: “E se ele não voltar??”. Acabo de ver um ônibus da São Geraldo. Parece muito mais bem conservado que o da Itapemirim. Droga!

01h08min – O ônibus voltou!

7:18, um lugar tão longe que o Judas já deve ter feito uma bota pra ele. – Depois de uma terrível noite de pouco sono, onde eu rolei no banco e acordei toda hora, o que eu mais queria era acompanhar o nascer do sol. Acordei umas 5:00 e fui direto pra janela. Vi algo fantástico, e não era loira. Era uma paisagem linda, um gramado imenso, irregular, como aquele dos Teletubbies. Era um vale, rodeado de montanhas rochosas. A neblina caía sobre ele. E lá atrás vinha o sol, lentamente, tímido ainda. Essa paisagem se repetiu por mais alguns minutos em alguns outros lugares. As vezes com rios calminhos, ou cavalos correndo. Foi incrível.
“Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia a obra de suas mãos.” Sl
Mas infelizmente o espetáculo do nascer do sol acabou e as criancinhas a minha volta acordaram. Malditas! Mas o pior é a mãe delas. Deixa eu explicar melhor: É uma barangona, de uns 28 anos, negona, com pança, daquelas que usa pouca roupa e um tamanco gigantesco de madeira bruta, achando que é bonito. Ela possivelmente teve os filhos solteira ou apanha do marido, por que não para de bater nos filhos. Principalmente o mais velho. Os pais acham que os mais velhos são algum tipo de saco de pancadas onde podem ser descarregadas todas as frustrações deles. Tá terrível o negócio aqui, viu.
O moleque acabou de levar um tombo bem cômico. Ele acordou e ficou de joelhos no banco, enquanto a mãe brincava com a filhinha, na fileira ao lado, que possivelmente tem a mesma idade mental que ela. O ônibus então deu uma freada numa curva. O moleque não teve nem tempo de piscar. Voou! Foi parar no corredor, de boca no chão. Sabe o que a mãe fez?? Pegou o moleque pelo braço, o colocou em pé e tirou sarro! E ainda disse que se chorasse, apanharia! É uma criança, levou um tombo super engraçado... É claro que iria chorar! E ainda por cima ia apanhar se fizesse isso! Mas por quê?? Ele não fez nada de errado. Foi culpa da força da gravidade, bate nela, ué.

09h03min, acho que o Judas já morreu atrás de uma bota nova. – To com a impressão de que estou quase lá. Acabei de lembrar de algo que eu não escrevi. Lembra do dinheiro que eu gastei comprando lanche? Então, gastei de mais. Não comi nem a metade dos biscoitos deliciosos que eu comprei, o que me faz lembrar de outra coisa. Ontem a noite a Polícia Rodoviária Federal parou nosso buzão para ver se tinha drogas ou outro tipo de mercadoria ilegal. Imagina se eles me vissem com aquele monte de bolacha! Nem nota fiscal eu tenho, joguei fora quando comprei. Mas graças a Deus essa viajem já está acabando. Só espero que eu entenda a minha letra depois, na hora de passar pro Blog. Escrever com o ônibus em movimento é terrível!
[Nota: Como podem ver, eu entendi!]

09h18min, Lembrei o nome do lugar: É Gov. Valadares. – O transito parou aqui, não sei por que. Tenho que ligar para o meu avô, mas me dei mal por que o meu celular só pega no estado de SP. Pobre.

09h33min, andamos um pouco. – Meeerrdaaa!!!!! Acabou a bateria do MP3!!!!!!!! Nãããããooooo!! Que inferno! agora fiquei bravo. Sem sinal no celular, suado, cansado, tudo bem, fedido, até ai tudo bem, agora acabar a bateria do MP3... Aí é sacanagem! Tomara que essa viagem acabe logo, viu. Droga de viagem.

09h58min, apoio rodoviário da Itapemirim em Gov. Valadares. – Paramos um pouco no apoio rodoviário da Itapemirim e deu pra carregar meu MP3 e falar com meu Avô! Mais duas horas de viagem ainda, mas pelo menos meu humor voltou.

11h00min, tchau Judas. – Parados na estrada, no meio do nada absoluto, um transito terrível, um calor infernal, nessa droga de ônibus que não tem TV, vendo a massacrante imensidão desse planeta e vendedores ambulantes com pencas de milho cozido na brasa. Que lixo que é a Itapemirim. O ônibus é velho, sujo, bancos rasgados, chão grudento por que vomitaram ou derramaram suco nas viagens anteriores desse veiculo... O Banheiro!! Aff, desgraça de compartimento. Terrível! Dá pra ver o chão da rua pelo ralo do piso, e o ralo da privada não fecha,e então se alguém soltar o Pelé por lá ele vai ficar boiando e sorrindo pra você. Também não dá pra urinar por que, se for mulher, não vai querer sentar lá, eu aposto... E se for homem, o ônibus balança e a gente perde o controle. Tá, isso é normal, mas nos outros ônibus, dá pra se apoiar na parede. Esse aqui não, se você encostar na parede a luz apaga!! Foi terrível ontem a noite, cara. Terrível! Não viajem pela Itapemirim. Vão pela São Geraldo, pela Tupiniquim, Viação da Esquina... Vão com as asas do diabo, mas não vão pela Itapemirim!

11h21min, ... – Ainda parados. A filhinha da vaca ao lado berrando, e a vaca espancando ela. Que inferno, viu. Essa viajem não acaba nunca?

11h23min – Andamos!

12h28min, não me lembro aonde. – Agora sim já deve estar chegando. To tão cansado que quase escrevo “sim” com “Ç”. Ainda estamos no meio do nada. Meus avôs não moram, se escondem! Eles devem estar em algum tipo de programa de proteção à testemunha, sei lá. Aí cavaram um buraco no meio das montanhas e fizeram um ninho ali...

12h50min, ???. – 32 quilômetros para o meu destino que não chega nunca.

13h19min, Teófilo Otoni, MG – Em fim, cheguei.

Mais informações sobre celebrações de fim de ano nas próximas postagens.

2 comentários:

  1. ai caramba eu me divirto com vc...rsrs nem ri pakas com suas postagens...

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  2. engracadicimooo elarioooooo....como meuu...kkkkkkkkkkkk

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