quinta-feira, 24 de junho de 2010

Crônica: Eu versus "Enciclopédia"



A situação a seguir aconteceu dia 16 de junho, entre mim e outro aluno de jornalismo. Eu sei que eu não costumo apagar o nome das pessoas, pois a minha teoria é que se alguém faz uma sacanagem, as pessoas têm que saber quem fez, porém não convém citar o nome dele. Foi um erro, espero acredito que não vai acontecer novamente.

Apenas para situar você no ocorrido, este aluno só tem uma matéria com a minha classe. Tal matéria se chama Formação Profissional 1. O professor fez um e-mail para a classe no Google Groups para que tirássemos nossas dúvidas. Mas no Google Groups tudo o que você manda vai para todos os e-mails cadastrados no grupo. Estas são as últimas semanas do semestre, então está chegando o dia em que temos que apresentar nossas horas de atividades complementares, mas eu não sabia qual era o último dia para isso. Como eu sei que vários também não sabiam, perguntei ao professor pelo e-mail do Google Groups. Ele não respondeu de primeira, mas enviou-nos um e-mail por engano. Logo eu pensei que ele também houvesse se enganado e apagado a minha pergunta sem querer. Nada de mais. Então enviei outro e-mail com a mesma pergunta. O professor, gentilmente, respondeu que estava averiguando qual seria a data.

Totalmente ao contrario da elegância do professor, o aluno, que vou chamar carinhosamente de “Enciclopédia”, enviou um e-mail muito chato pelo Google Groups, para que todos pudessem ver:


From:Enciclopédia.Humana@msn.com
Date: Wed, 16 Jun 2010 14:10:54 -0300
Subject: Re: [Formação Profissional] Aula presencial - segunda-feira, 21
To: E-mail.da.classe.do.Bruno.no.Google.Groups@googlegroups.com (também não vou colocar o e-mail da classe, NE? Não sou estúpido)
Mensagem:

Bruno, Acho que todos recebemos o e-mail do professor... Agora eu peço uma
colaboração sua... Minha caixa de entrada tem vários e-mail's que o remetente é você. Acho que você poderia sintetizar todas as suas dúvidas em um único e-mail. Quando você estudar as teorias da comunicação vai conhecer a tal função narcotizante...

Ficarei grato
Att,


Logicamente, como qualquer macho terrestre com um ego a defender, eu fiquei magoadinho com essa mensagem esquisita. Não havia necessidade de falar algo assim para que todos da classe pudessem ver. Foi muito chato. Ali ele parece educado, mas eu vou traduzir em frases mais populares para que o entendimento seja melhor. Ele quis dizer que:

Bruno, acho que todos recebemos o e-mail do professor... Agora, para não parecer mal educado, vou falar como se estivesse pedindo uma colaboração sua... Para de ficar mandando e-mails, droga. Você acha que isso aqui é o seu Twitter, Orkut? Não fica perguntando não, mano. Quando você tiver uma dúvida, espera ter outras, e então quando você tiver transbordando de duvidas, ai você as vomita todas de uma vez. Você ainda está no primeiro ano, ainda é uma criança. Não sabe de nada, como todos os que estão ai. Quando você estiver onde estou agora, vai poder ser como eu: saberá o que é a tal função narcotizante. Citei esta função apenas para deixar bem claro que você não sabe de nada, e que eu sou quase Deus.

Ficarei grato se obedecer à minha sabedoria, por que sei mais que você.
Att, Assim Termino este Texto


Chato, né. Fiquei bravo por três coisas: 1, ele falar que eu fico mandando um monte de mensagens e pedir para esperar todas as duvidas surgirem para perguntar pro professor de uma vez. 2, ele falar como se a minha classe não soubesse de nada por ser o primeiro ano. 3, ele dizer isso tudo na frente de todo mundo. Alias, não tenho a MENOR idéia de onde ele tirou a Disfunção Narcotizante... Beleza. Fulo da vida, retornei pra ele, ironizando totalmente, para que toda a classe pudesse ver também:

cara, eu não vou ficar esperando juntar um monte de duvidas pra perguntar de uma vez. Quando eu tenho uma dúvida que possa servir para todos eu pergunto por este e-mail. Acho que é pra isso que ele serve, se eu não estou enganado. Quando eu tenho uma dúvida só minha, eu mando direto pro professor.
Se tem um monte de e-mail na sua caixa em meu nome, então você possivelmente não apagou nenhuma (mensagem) desde o começo do semestre por que eu não uso esse e-mail para ficar mandando recados. Usaria o Orkut para isso, que é o lugar certo para por em prática a [dis]Função Narcotizante, que você talvez tenha pensado que eu não saiba.

Se você tiver mais alguma reclamação sobre mim, por favor faça somente a mim ou vá direto pro professor. Acho que os nossos amigos podem ser poupados de ter que ler coisas como essas.

Mas... Reclamação aceita. Peço desculpas da minha parte. Eu não mando propagandas ou Spams pra vocês. Se receberem essas coisas no meu nome, por favor me avisem para que eu possa mudar a senha do meu e-mail.
Irei filtrar minhas dúvidas de agora em diante.


Logo fiquei com a consciência pesada, sabe. Uma discussão dessas na frente de todo mundo... O professor certamente iria dar uma coça na gente.
As horas passaram enquanto eu estudava para a prova, até que, quando eu vejo, um e-mail está em minha caixa de entrada. É o Enciclopédia que, desta vez, mandou um e-mail só para mim:

From:Enciclopédia.Completa@msn.com
Date: Wed, 16 Jun 2010 16:31:50 -0300
Subject: Re: [Formação Profissional] Aula presencial - segunda-feira, 21
To: To: Meu.e-mail@hotmail.com
Subject: Disfunção narcotizante
Mensagem:

Bruno,

Parabéns por saber o que é a disfunção narcotizante. Agora espero que você saiba que ela é praticada, principalmente, nos grandes portais de notícias, que nós jornalistas alimentamos. Espero, também, que você concilie esta teoria com a prática.

A minha reclamação surgiu, primeiramente, porque você enviou dois e-mail's com a mesma pergunta. A pergunta dizia respeito às fichas de horas complementares. Eu mandei para o grupo para que todos saibam que eu, particularmente, me incomodo com e-mail's que não acrescentam, seja pelo seu conteúdo repetido ou por conter spams e correntes.

As nossa fichas de estágio poderão ser entregues até o dia 24/06. Nos murais de cada sala de Comunicação foi fixado cartazes contendo tal informação. Pena que essa informação não estava relacionada nos sites de busca como o gloogle.

Espero que você tenha compreendido.

Att,

|| Enciclopédia Completa


O “gloogle” ficou bravo com a minha resposta, acredita? Revelando a maldade escondida por trás desta mensagem bonitinha, ele quis dizer:

Bruno, Parabéns por saber o que é a disfunção narcotizante. É claro que em sua ignorância de 1º anista , você não percebeu que ela não é usada no Orkut, como você disse, mas sim nos grandes portais de notícias, que nós jornalistas, algo que você acha que vai ser, alimentamos.
Fiquei tristinho por você ter mandado um número imenso de e-mails para mim. Não sou matemático, então não posso nem ao menos contar, mas acho que foram dois! A pergunta dizia a respeito de horas complementares, caso você não saiba o e-mail que você mesmo mandou. Eu mandei para o grupo para que todos saibam que EU, já que sou praticamente Deus, me incomodo quando a ralé do primeiro ano pergunta coisas que eu já sei. Eu já sei de tudo, não tenho que ficar lendo coisas de vocês mortais.
As nossa, sem o “S” mesmo, fichas de estágio poderão ser entregues até o dia 24/06. Nos murais de cada sala de Comunicação foi fixado cartazes contendo tal informação. Pena que essa informação não estava relacionada nos sites de busca como gloogle, onde eu sei, por que tenho complexo de Deus, que você pesquisou o que é a disfunção narcotizante.
Espero que você tenha compreendido, mesmo sendo do 1º ano.
Att
|| Enciclopédia Completa


Ele cismou com a disfunção narcotizante não se sabe o porquê. Explicando em poucas palavras, disfunção narcotizante é o que os meios de comunicação fazem com a gente. Atualmente temos informação de todos os lados, na internet, no rádio, no celular, no computador, na TV, nos jornais, livros, revistas... É muita coisa. O efeito disso é narcotizante, faz com que fiquemos alienados a essa informações, sem qualquer emoção. Um exemplo disso é que vemos todos os dias que as pessoas morreram e não sentimos nada por isso. É chamada Disfunção, e não apenas função como o Enciclopédia disse em seu primeiro e-mail, por que isso não trás coisas boas, somente coisas ruins.

Outra coisa chata foram os erros dessa mensagem. Tá vai, erros na internet são aceitáveis, a minha mensagem também tem. Meu Blog deve estar cheio de pequenos erros. Agora quando você critica um jornalista, o mínimo que se espera de você é que nunca esqueça do plural nas palavras, e nunca, mas nunca mesmo, invente portais de busca como o “gloogle” por ele citado, mas fale de sites já existentes como o Google.
Eu também fiquei bravo, e respondi a altura:

Muito obrigado pelos parabéns! Me sinto muito inteligente agora que você reconheceu meu esforço em tentar ser um bom aluno. Infelizmente talvez eu não seja um bom comunicador. Deveria ter explicado que o que eu disse a respeito do Orkut ser o local exato para a disfunção em questão trata-se apenas de uma opinião, pois não vejo vantagens no uso da narcotizante. Por isso é lá [Orkut] onde ela deveria ficar. Mas é uma ótima informação. Vou corrigir pro pessoal agora mesmo. Não se preocupe.

Eu mandei duas perguntas iguais por que vi que o professor enviou-nos um e-mail e não respondeu. Pensei que ele poderia ter apagado o e-mail por engano. Acontece de vez em quando.

Agora entendi que sua reclamação surgiu destes numerosos dois e-mails. Céus! Fiquei assustado, achei que tinha lotado sua caixa de e-mail. Ufa, né?

É uma pena mesmo. Poderia estar em sites como o Google. Seria incrível! Mas não sei você, eu prefiro continuar com os livros mesmo.

Totalmente compreendido. Espero o mesmo de você.
Att


Não tenho a menor idéia do que significa a sigla “Att”, mas deixei ela lá.
Depois dessa bonita troca de farpas um sentimento de consciência pesada pairou sobre mim. O mesmo sentimento que tenho depois de fazer cada postagem que me deixa bravo. Eu não sei o que acontece, mas existem pessoas e organizações que precisam ouvir certas coisas. Além do mais, as pessoas têm que saber a verdade sobre gente que não é o melhor exemplo para nós.

Não que eu seja o dono da verdade, eu não sou; Não que eu tenha o direito de fazer o julgamento de quem está certo, eu não tenho esse direito. Mas meu dever como jornalista é dizer a verdade sobre tudo, não importa o que aconteça. E é isso o que vou fazer. Faço um acordo com os leitores deste Blog e os que acompanham ou vão me acompanhar durante minha vida profissional: informar a verdade, sempre, custe o que custar. Gente mentirosa e gente suja, por favor, fiquem longe de mim, por que perto de mim vocês vão cair, não importa quem sejam.

O que coloquei neste blog hoje não é margem para um julgamento de quem é limpo e quem não é. Descrevi minha conversa com o Enciclopédia mais por que minha irmã disse que parecia uma crônica. Podemos tirar diversas conclusões do que aconteceu, mas não vou falar todas as que eu pensei. Vou só deixar bem claro que nada me irrita mais do que mentira, sujeira e injustiça. Isso o que o colega fez foi injusto. Ele não tinha o direito de dizer o que disse na frente de todo mundo. Insultou a todos com aqueles comentários. Fui tranqüilo com ele, mas não serei tão tranqüilo assim se o assunto for mais sério.

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